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Out 04

NIRVANA


Para além do Universo luminoso,


Cheio de formas, de rumor, de lida,


De forças, de desejos e de vida,


Abre-se como um vácuo tenebroso.


 


A onda desse mar tumultuoso


Vem ali expirar, esmaecida...


Numa imobilidade indefinida


Termina ali o ser, inerte, ocioso...


 


E quando o pensamento, assim absorto,


Emerge a custo desse mundo morto


E torna a olhar as coisas naturais,


 


À bela luz da vida, ampla, infinita,


Só vê com tédio, em tudo quanto fita,


A ilusão e o vazio universais.

publicado por Francisco Caramelo às 22:30



Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,



Muito longe, nos mares do Oriente,



Onde a noite é balsâmica e fulgente



E a lua cheia sobre as águas brilha...



 



O aroma da mongólia e da baunilha



Paira no ar diáfano e dormente...



Lambe a orla dos bosques, vagamente,



O mar com umas finas ondas de escumilha...



 



E enquanto eu na varanda de marfim



Me encosto, absorto num cismar sem fim,



Tu, meu amor, divagas ao luar,





 



Do profundo jardim pelas clareiras,



Ou descansas debaixo das palmeiras,



Tendo aos pés um leão familiar.





 



(Antero de Quental)












Mais uma imagem do Oriente, da utopia oriental, que reflecte



um certo sentido de evasão e de procura da alteridade,



característica do séc. XIX.



 

publicado por Francisco Caramelo às 17:45

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