No Canto IV dos Lusíadas, Camões canta e louva a inquietação de D. João II, que envia dois exploradores, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, ao encontro das terras do Oriente.
«Polo mar alto Sículo navegam; «Passam também as ondas Eritreias, «Entram no Estreito Pérsico, onde dura «Viram gentes incógnitas e estranhas
Vão-se às praias de Rodes arenosas;
E dali às ribeiras altas chegam
Que com morte de Magno são famosas;
Vão a Mênfis, e às terras que se regam
Das enchentes Nilóticas undosas;
Sobem à Etiópia, sobre Egipto,
Que de Cristo lá guarda o santo rito.
Que o povo de Israel sem nau passou;
Ficam-lhe atrás as serras Nabateias,
Que o filho de Ismael co nome ornou.
As costas odoríferas Sabeias,
Que a mãe do belo Adónis tanto honrou,
Cercam, com toda a Arábia descoberta,
Feliz, deixando a Pétrea e a Deserta. prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
Da confusa Babel inda a memória;
Ali co Tigre o Eufrates se mistura,
Que as fontes onde nascem têm por glória.
Dali vão em demanda da água pura
(Que causa inda será de larga história)
Do Indo, pelas ondas do Oceano,
Onde não se atreveu passar Trajano.
Da Índia, da Carmânia e Gedrosia,
Vendo vários costumes, várias manhas,
Que cada região produze e cria.
Mas de vias tão ásperas, tamanhas,
Tornar-se facilmente não podia.
Lá morreram, enfim, e lá ficaram,
Que à desejada pátria não tornaram.»